sexta-feira, 26 de junho de 2009

Sujeito Indeterminado

Durante muito tempo observei
Não com o andar parado
Sentindo o leve cansaço
De quem contempla a imensidão

Vi tudo!
Com o olhar marejado
Os tantos seios cortados
Por conta da escravidão

Zumbi,
Vi sua luta jogada
No mar da precipitação.

João Cândido,
O chicote estrala.
Nas costas marcadas
Pela opressão.

Vi tantas negras
Mães africas.
Mulheres estrupadas
Por um canastrão

Soweto,
Teu sonho se guarda
Na luta diária.
Contra a a nossa opressão.

Gerson Brandão

domingo, 21 de junho de 2009

Poeminha Griô

Não sou grande literato.
Da academia passo ao largo.
Escrevo sem regras, sem lei.

Eu sei que nos reinos distantes.
Os Bantus, Suahilis e Ashantis.
Nossas glórias glorifiquei.

Gerson Brandão

sábado, 20 de junho de 2009

Dez e quarenta e nove

Dez e quarenta e nove.
Eu tenho tempo.
Conto as horas.
E a parada não começou.

Dez e quarenta e nove.
Esperei por dias.
Gravei na memoria.
E a parada não começou.

Dez e quarenta e nove.
Fui atras de cigarros.
Pra aguentar o frio, só queimando mato.
E a parada não começou.

Dez e quarenta nove.
Nem banho de abô tomei.
Na cachaça velha engasguei.
E a parada não começou.

Dez e cinquenta...

Gerson Brandão

Pá Arrebentá

De tudo que falam
Se pá, podia até concordar.

Uma pá de ideia loka
Uns planos de alucinar.

Vingou a velha ideia.
Da burguesia solapar.

Gerson Brandão

GRAFICÍDIO

Parei
Pensei numa pá de palavra.
Pra construir meu mundo [decifrar no muro]
Falar do sabor dos frutos.
De tudo que imaginei.

Mas o POW!!! de um segundo.
Desmoronou o meu mundo.
Calou minha voz de vez.

Os poucos rabiscos soturnos.
Apagaram as palavras do muro.
A linha que imaginei [que não tracei]

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Positividade

Diga se a vida é sem graça e fantasia
Se o cotidiano do dia-a-dia não traz um gostinho de nostalgia
Os rolês, as biritas, as meninas, a música e a poesia...
Junto à algumas tristezas
São todos motivos de alegria.

Sampa - 12/06/2009

quinta-feira, 28 de maio de 2009

D'África à Fumaça

"Virou fumaça/ Subiu pra cuca/ Fim do silencio" 
Muitos tão na fumaça 
Vários viraram, e virarão, fumaça 

Ali, de Angelo Stefanini, se tornou fumaça 
Da fumaça tá na esquina do meio
O meio tá na margem
Periferia Leste, Itaim Paulista

No meio da fumaça
Não aparecemos na reportagem
Menos ainda os que viraram fumaça

Porque a TV não passa?
Porque a escola não fala? 
Porque todos se calam?
Cegos, Mudos, Surdos?  

O medo é como facada ou bala
Atravessa a alma
Paralisa
Para a alma

Gerson Brandão